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QUEM SOMOS!

Após se livrarem da dependência química, três jovens tapenses lutam para recuperar outras pessoas que sofrem com a chag da droga.

 

O consumo de drogas na adolescência é um problema que preocupa a população desde muito tempo, pois com o passar dos anos os usuários de drogas podem sentir os seus efeitos da pior maneira possível.

 

Contudo não são somente os usuários que sofrem com os transtornos causados pela droga, pois toda a sociedade de uma forma ou de outra acaba sentindo os reflexos deste mal, principalmente os mais próximos a eles, como familiares e amigos.A dependência química deve ser encarada como uma doença e como tal deve ser tratada, contudo para que isso ocorra com êxito é preciso que o dependente esteja disposto a entrar em recuperação.

 

As comunidades terapêuticas têm sido os principais canais de recuperação de dependentes químicos e a reinserção destas pessoas na sociedade de forma digna para que possam retomar suas vidas e seguir em frente.

Neste contexto é que em Tapes nasceu há 02 anos a COMUNIDADE TERAPÊUTICA SENHOR JESUS, por iniciativa dos irmãos Evanildo e Evanilson Silveira Nunes, os gêmeos, como são popularmente conhecidos na cidade.

 

A história dos gêmeos: Os dois irmãos passaram pelo problema da droga e sentiram na pele os efeitos devastadores que ela causa ao ser humano. Foi buscando a ajuda em comunidades terapêuticas e com a ajuda da família que ambos conseguiram se livrar deste mal há sete anos e desde então ajudam outros que buscam neles, além do exemplo, uma forma de se curarem também. Evanilson contou que após completar o tratamento, ao retornar ao trabalho de frentista em Tapes, algumas pessoas começaram a lhe procurar, tanto no trabalho quanto em sua casa e de sua família, pedindo orientação para também se livrarem do vício, o que veio ao encontro de seu objetivo e de seu irmão, que era o de ajudar estas pessoas e desde então eles encaminharam muitos dependentes ao tratamento, às vezes passando por reuniões com o grupo Amor Exigente, assim como eles passaram, outras vezes levando-os diretamente às comunidades terapêuticas.“Graças a Deus conseguimos salvar muitas vidas assim”, falou com satisfação.Ele explica que não é um trabalho fácil e que é necessária a conscientização e o apoio da família.A iniciativa com o tempo, a frequência com que as pessoas passaram a lhe procurar no trabalho começou a interferir na suas relações profissionais e isto passou a incomodar Evanilson e reforçou ainda mais a ideia dele em montar a própria comunidade terapêutica em parceria com seu irmão.“Os colegas acabavam confundindo a minha vontade de ajudar as pessoas com malandragem e isso foi me incomodando, então decidi tomar uma decisão que há muito tempo já havíamos pensado”, disse Evanilson.

Num determinado dia, esgotado com o que vinha ocorrendo no trabalho, num final de tarde após o expediente, Evanilson procurou seu amigo Jéferson de Lima, o qual também já havia passado pelo problema das drogas e com a ajuda dos gêmeos conseguiu se recuperar. Numa conversa embalada pelo mate Evanilson propôs a Jéferson uma sociedade para abrirem definitivamente uma comunidade terapêutica, ideia que inicialmente impactou o amigo, porém em seguida ambos foram mateando olhar a propriedade rural do pai de Jéferson na localidade de Sarafana, na estrada da Camélia, e ao chegarem ao local o consideraram perfeito para a execução de seus planos. “Ao abrir a porteira e quando avistei ao fundo a casa, as figueiras e o açude, conclui que ali era o lugar que Deus havia reservado pra gente fazer nosso trabalho”, revelou Evanilson.

 

Da ideia à prática: Após a escolha do local e com o consentimento do proprietário que cedeu a área, o passo seguinte foi avisar Evanildo, que na época trabalhava em Cachoeirinha e não titubeou em juntar-se ao grupo. Iniciou-se então a reforma do local e a aquisição dos materiais necessários, tarefa não muito fácil pela escacez de dinheiro de ambos os sócios, porém com ajudas e financiamentos logo o local foi sendo reformado e mobiliado de maneira a ter condições de receber os primeiros internos. Estava nascendo ali a Comunidade Terapêutica Senhor Jesus em Tapes.

Já, mesmo durante a reforma, um primeiro dependente, alcoólatra, procurou os gêmeos em busca de ajuda, desta forma automaticamente foi inaugurada a comunidade uma vez que o dependente já manifestou a vontade de ficar no local e iniciar com os primeiros tratamentos. Logo a notícia se espalhou e vieram outros em busca de ajuda, inclusive de outras cidades.

 

O que é oferecido: São três os pilares que regem a comunidade: trabalho disciplina e espiritualidade.

O trabalho: é, na verdade, uma laborterapia, onde os dependentes ocupam seu tempo, duas horas pela manhã e duas horas a tarde, fazendo algo de útil e aprendendo algumas funções, como fazer o pão, lidar na cozinha, limpar o pátio, ajudar nas reformas, cuidar dos animais ou cultivar a horta.

A disciplina: ensina desde a cuidar da sua própria roupa, escovar os dentes, tomar banho, se barbear diariamente, aprender a pedir e seguir as orientações do monitor, sujeito a sanções em casos de desobediências, que consiste na restrição de seus horários de lazer.

A espiritualidade: ensina cada um buscar o seu Deus, da sua forma, sem vínculos a uma determinada religião, sendo que diariamente pela manhã, um interno apresenta uma passagem bíblica discernindo sobre seu significado.

 

Na parte médica: a comunidade conta com atendimento 24 horas através de trabalho voluntário do médico Fernando Traverssi.

 

As especialidades de psiquiatria e psicologia são oferecidas no Hospital N. S. do Carmo, na cidade, contudo, eles dizem não ser o ideal por precisarem deslocar o interno até a sede, onde as influências externas podem afetar o tratamento. Neste sentido eles estiveram reunidos em Tapes, com os coordenadores do CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) na última semana buscando um apoio para que este atendimento possa ser proporcionado na própria comunidade.

A manutenção:Os sócios explicam que embora sendo uma comunidade terapêutica particular onde o interno precisa pagar uma taxa de adesão e uma mensalidade para receber o tratamento, nem sempre as coisas funcionam assim. Dos dezoito internos atualmente na comunidade, oito não tem condições de pagar, desta forma a comunidade depende da colaboração popular e do comércio para se manter funcionando. É através do recebimento de doações que é possível complementar a renda e dar um tratamento ideal aos internos.Eles estão buscando também o apoio do poder público, formatando uma proposta para apresentarem aos administradores municipais da região, em que cada município possa dispor de cinco vagas para dependentes químicos, mediante um repasse de recursos financeiros. Segundo eles, isto resolveria o problema dos municípios que precisam deste atendimento e contribuiria muito com a manutenção da comunidade. “Não adianta mandar o drogado pra cadeia ou interná-lo em um hospital, sedá-lo com tratamentos paliativos e gastar com leitos e medicamentos.

Acreditamos que, se existe uma comunidade terapêutica que pode dar um tratamento diferenciado e digno a estes dependentes, o melhor seria investir nessa opção”, defende Evanilson.

A comunidade conta hoje com uma estrutura para abrigar até 24 pessoas e as reformas continuam na medida do possível para ampliar a sede.

 

Dificuldades e decepções:Nem tudo são flores na tarefa de recuperar dependentes e muitas vezes ocorre que eles abandonam o tratamento e voltam para o vício, virando as costas para aqueles que lhes ajudaram. “É triste passarmos na rua e vermos aqueles que já conviveram com a gente novamente perdidos, mas faz parte do processo e os que conseguimos recuperar é nossa recompensa maior”, garante Jéferson.Mesmo com essas dificuldades os sócios garantem que o progresso tem sido satisfatório e ressaltam que foi constatado por estudos em nível nacional que a dependência química é melhor tratada quando por ex-dependentes, por conta de suas própria experiências. “Aprendemos a lidar com as malandragens e mentiras, baseados naquilo que fazíamos antes”, diz Evanildo.

 

Qualquer pessoa pode ajudar a comunidade e os jovens estão a disposição 24 horas pelos fones: (51) 99971042 ou 92742951

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